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sábado, 13 de dezembro de 2008

CAPÍTULO XX

De trinta anos pra cá, Cuba-de-Então começou a crescer e dizem alguns, assustadoramente!
Antigamente, Cubatense doente ia pra Santos...
Hoje, o Cubatense já pode morrer ou se salvar, tranqüilamente no Hospital da Comunidade...
Pode contrair AIDS, e ser tão bem tratado, a ponto de conseguir viver uma vida normal...
Pode esperar horas, por atendimento no Pronto Socorro Central...
Perder a paciência, na quilométrica fila do SUS, na Vila Nova...
Comprar sem nota fiscal, no "camelódromo" da Nove de Abril, que chamam de "Boulevar"...
Comer carne de cachorro (segundo dizem as más línguas), fantasiada de coxinha de galinha, em vários botequins da cidade...
Pode ficar doido, procurando táxi, depois das 23 horas...
O Cubatense pode ainda, ser roubado pelos convênios de farmácia do município...
O meu conterrâneo também pode ser "comido" pelos mosquitos, no único motel das redondezas, (o Savage) que fica na Vila esperança...
A tal da Cuba-de-Então, virou Cubatão, e cresceu...
Cresceu, e absorveu problemas de cidade grande...
Seus prédios públicos (e particulares) são impróprios para os Deficientes Físicos e os Idosos...
A Prefeitura Municipal, local de trabalho, mais parece um desfile de modas...
Os aluguéis, estão pela "hora da morte"...
Os vereadores ganham uma pequena fortuna, para defenderem os direitos dos cidadãos de lá, e tomarem cafezinho lendo os jornais, que os chamados "contribuintes", pagam pra eles...
Cubatão já é cidade grande, pelo menos na sacanagem!

Nessa tal de Cubatão, acontece de tudo...

Num daqueles belos dias de sol, com mormaço e noroeste, quando os funcionários públicos rezam para nada acontecer até as dezessete horas, hora de sair, uma senhora adentrou na Prefeitura desesperada!
Em seus olhos, se via a angústia...

Tinha o filho preso; o marido desempregado; o butijão de gás estava terminado; o aluguel com seis meses de atraso; a água e a luz, já haviam sido cortadas, por falta de pagamento; na dispensa e nada tinha para por nas panelas. E por mal de seus pecados, trazia nas mãos uma ordem de despejo!
Em completo desespero, a mulher encostou-se na escadaria, em frente à portaria de entrada dos funcionários, e começou a chorar...
Todos que passavam, escutavam as suas reclamações, mas nada podiam fazer...
Em dado momento, a senhora, sem que ninguém esperasse, ajoelhou-se no chão e bradou:
- "Será que nem Deus, pode me ajudar?!"
Um vigilante, que passava, chamou a senhora a um canto e em voz de sussurro, lhe disse:
- "Olha Dona, se ele pode ajudar, eu não sei! Só sei que ele subiu agora, pelo elevador privativo! A senhora pega essa escada, sobe até o terceiro andar e pergunta onde é o Gabinete! Pode ir sem susto, ele chegou agorinha mesmo. Mas não esquece: aqui, o nome dele, não é Deus não, é Dr. Ney Serra. Provavelmente, ele deverá estar muito ocupado, e terá pouco tempo para atendê-la. A senhora então, resuma seu caso. Ele vai lhe dar um cartãozinho, para que a senhora se dirija à sala ao lado, que é a de Jesus Cristo, para que este dê a solução definitiva ao seu problema. Não hesite... Aproveite a oportunidade. Mas este aqui também tem outro nome, é chamado de Dr. Rubens Marino... Vai com fé que a senhora consegue...

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